quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sobre relações entre eu,o outro eu e os outros seres.

   Tá aí um tema abordado por 90% das pessoas, livros, filmes, músicas e basicamente tudo que se vê vida a fora: relacionamentos. Resolvi falar disso ao me deparar com uma notícia excêntrica de uma louca que se casou com ela mesma. Louca? Por que louca? Calma...Eu já chego lá! De acordo com a nota a fulaninha se chama Chen Wei-yi, tem 30 anos e é de Taiwan.

Sra. Chen, a Noiva Chen e a mãe delas.
A moça organizou um banquete com direito a bolo,roupa e noiva e todos os fru-frus de um casamento entre duas pessoas. De acordo com ela "Casar comigo mesma é uma forma de mostrar que sou confiante e que me aceito como eu sou". Uns podem chamar isso de carência, loucura ou simplesmente uma puta vontade de chamar atenção. Não estou aqui pra julgar alguem que nem imagina que existo até porque julgamentos em geral me dão uma puta preguiça. Mas fiquei refletindo sobre isso, sobre a relação do Eu com o Eu. Não estou falando em específico do id,ego e alter ego e nem do ying yang mas da arte de se tolerar 24h por dia. Uns dizem que não querem casar ou namorar por achar chato ter todas as obrigações, a frescurada toda da maioria dos relacionamentos e dizem não querer abrir mão da liberdade. Realmente conviver é um dom que exige paciência de Jó mas é muito comum ver o pessoal passar boa parte da vida na esbórnia e quando chega a certa idade,se desesperar pra casar e construir uma imagem social padrão além  da conveniência de não precisar mais ter que ir atrás de sexo e todos os prazeres de uma companhia. Realmente não entendo muito esse desespero porque de fato eu gosto de estar só.
Acho válido manter uma relação quando existe um apego real e forte pela personalidade e características psicológicas da pessoa mas não é muito comum encontrar isso por aí ainda mais nessa época de relações miojo: você conhece a pessoa miojo, lê o sabor e as instruções, ferve a água e em 3 minutos it's ok,baby! É só colocar o tempero e saborear uma refeição rápida e única e até nunca mais.
Não estou criticando esse tipo de coisa da modernidade pois até já fui adepta dessa facilidade. O fato é que mais complicado que lidar com outras pessoas é conviver com o próprio Eu. Podemos dizer tchau pra uma pessoa miojo, terminar uma relação duradoura e conturbada, bloquear pessoas na internet, não atender ligações e ignorar muita gente mas temos o fardo de conviver com nossas personalidades o tempo todo por anos. Parece que muita gente não tem consciência disso ou ignora esse fato. Talvez não seja todos que encaram a vida dessa forma mas eu, de fato acho muito complicado.
A mocinha de Taiwan casou com ela própria e pode parecer algo inusitado e estranho mas dá prarefletir muito sobre esse amor próprio. Vivemos por instintos de sobrevivência que nos acompanha desde o ventre. Podemos ver isso até em filmes que mostram um aborto e o feto relutando pra continuar confortável dentro da mãe,não querendo morrer. Isso é uma dádiva, benção ou maldição que nos acompanha por toda a existência mas acima do instintos, queremos mesmo tudo isso? Não reclamo da minha vida ou de fatores externos mas  do que há internamente,meu próprio eu e a eterna luta entre eu e eu. Brigamos mais que qualquer casal belicoso e por vezes eu me traio, me traio comigo,me traio com tudo ou com nada.
É comum vermos pessoas com uma arrogância desmedida e uma auto estima maior que um elefante. Ao mesmo tempo que isso é invejáel também é patético. Como qualquer relação entre dois seres que necessita de certos conflitos para amadurecer, uma relação entre os Eu's também precisa desses probleminhas pra haver crescimento. Eu que já nasci cansada e com o cordão umbilical enrolado no pescoço, sem ar como um acidente ou como alguém que sabia o caos todo que aguardava, realmente penso ser loucura casar consigo mesma. Já nascemos nos aguentando e não é necessário um banquete pra festejar essa fatalidade. A parte boa de tudo isso? Sempre após as brigas entre eu e eu,melhor que em brigas de casais, posso olhar uma noite nascendo no horizonte, me abraçar,tentar esquecer dos meus conflitos e mesmo que por pouco tempo, tudo faz sentido...

Ao som de: Placebo- Every me, Every You

Nenhum comentário:

Postar um comentário